Os quase 30 e a máquina do tempo

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Foto por Giallo em Pexels.com

Amigos leitores. Já faz muito tempo desde que escrevi o último texto, tirei a última foto ou escrevi o último roteiro de tirinha que publiquei aqui no Interferência Urbana. Muitas amizades foram feitas no tempo em que publicamos aqui e hoje consigo ver que o que fizemos à época teve a sua importância e o seu valor. E esse valor continua sendo reconhecido. O blog continuou mantendo o mesmo nível de acesso mesmo depois de anos sem publicar nada. O que me faz pensar que se tivéssemos continuado, provavelmente atingiríamos uma boa relevância.

Confesso a vocês que esse texto está sendo escrito nessa madrugada de quarta para quinta-feira, no dia 30 de maio de 2019, num misto de nostalgia e “auto-vergonha”. Já se pegaram com a sensação de vergonha de coisas que você fez? Pois é, me senti um pouco com vergonha do meu eu da época que escrevia aqui. Da maneira como eu escrevia, por exemplo. Hoje, lendo a mim mesmo, percebo que as vezes era penoso conseguir achar a melhor maneira de dizer o que eu queria. Não tinha lá as melhores habilidades retóricas/textuais/argumentativas – e, convenhamos, continuo não tendo. Mas não somente a maneira de dizer. Muito do que eu dizia eu já não concordo mais hoje. Esses anos de hiato aqui (pretendo voltar a escrever) me fizeram passar por uma brutal mudança de visão de mundo e quero falar um pouquinho sobre isso.

Em 2013, quando comecei o Interferência Urbana com alguns amigos, eu tinha 23 anos e era um recém-formado bacharel em Comunicação Social, trabalhava diagramando, revisando texto, fazendo fotos, artes e até algumas reportagens para o Diário Oficial de Barueri e era um militante de esquerda de um coletivo chamado OCA (Osasco Contra o Aumento) que lutou para revogar o aumento do preço das passagens de ônibus aqui na minha cidade e teve o seu ápice no histórico Junho de 2013, quando as passagens foram, enfim, abaixadas em Osasco, São Paulo e em outras cidades. Quem não se lembra do jargão “Não são só 20 centavos”?

Hoje, tenho 29 anos, sou estudante de música, trabalho com música também, já não trabalho mais no jornal há pelo menos 5 anos e já não compactuo com a minha visão política de 6 anos atrás. O Denis de hoje mudou completamente de lado na visão política e o ano de 2013 foi, na verdade, o começo dessa mudança.

Na época de militante do OCA, promovíamos protestos, invadíamos a câmara dos vereadores, panfletávamos, participávamos de reuniões e articulávamos os nossos atos na sombra dos atos do MPL (Movimento Passe Livre), coletivo do qual participávamos dos protestos e mantínhamos algum contato (nada muito aprofundado). Levamos muita bomba da polícia e respiramos muito spray de pimenta nessa época. Não sinto a menor falta disso, confesso.

Éramos um coletivo apartidário. Ninguém que fundou o coletivo tinha aspirações políticas. Lembro-me que nos primeiros protestos, levávamos 20, 30 pessoas para a rua quando era muito. Mas ao longo do ano de 2013, os protestos do MPL em São Paulo, a repressão policial aos manifestantes violentos e a veiculação de uma verdadeira guerra urbana na grande mídia fez com que, aqui em Osasco, o nosso coletivo começasse a levar cada vez mais gente para as ruas e a chamar atenção da cena política. Vereadores começavam a abrir os seus gabinetes para nos receber e alguns até sinalizavam positivamente, prestando algum suporte. A militância esquerdista começava a salivar de interesse pela liderança do nosso coletivo justamente essa época.

Muitas pessoas filiadas a partidos políticos começaram a xeretar as nossas reuniões e a participar dos nossos atos. Jovens do PCdoB, PT e PSOL eram figuras assíduas nessas situações e era muito claro o interesse dessas pessoas em ganhar capital político em cima da popularidade que a nossa pauta ia progressivamente ganhando. Muitas dessas pessoas pretendiam se candidatar.

Dentro do movimento, havia divergência sobre a participação desses militantes filiados a partidos. Alguns não se importavam que eles participassem das decisões do coletivo. Eu era um dos que não gostava e procurava confrontá-los sempre que possível. Isso gerou um clima de rivalidade dentro do movimento, que já era prenúncio de golpes que viriam na sequência.

Muitos desses militantes filiados acabaram se passando por líderes do nosso coletivo quando perguntados pela imprensa local. No dia do protesto final, um desses militantes se passou por líder do coletivo para ir apertar a mão do prefeito quando esse decidiu decretar a revogação do preço da passagem. O coletivo sofreu um golpe político e eu sofri um golpe ideológico.

Até então, eu acreditava que o homem de esquerda deveria ser aquele capaz de colocar o coletivo acima do indivíduo. Anos mais tarde eu entendi, finalmente, que isso era impossível e que se colocar, como indivíduo, acima do coletivo, era completamente normal. Belo e moral. Mas foi ver a atitude desse homem de esquerda, na prática, que começou a me transformar.

Mesmo quando eu era de esquerda, detestava o PT, Lula e seus cupinchas. Aqui no Interferência Urbana chegamos a produzir tirinhas criticando essas figuras. Mas em 2014, acabei votando na Dilma Rousseff por falta de opção. Voto que me arrependi amargamente de ter dado e não é preciso entrar em detalhes para entender o porquê do arrependimento. Meu esquerdismo começava a ficar bastante abalado e eu estava começando a dar ouvido para ideias que vinham do outro lado.

Nessa época, um dos youtubers que mais fazia sucesso falando de política era o jornalista Dâniel Fraga. Uma figura extremamente combativa que pude conhecer pessoalmente em uma manifestação na Avenida Paulista. Cheguei até a dar entrevista para o sujeito, cujo trecho fez parte de algum vídeo que ele compilou de momentos dessa manifestação. Eu não concordava com muita coisa do que ele dizia, particularmente pela visão de mundo que ele começava a desenvolver: o tal do Anarcocapitalismo.

Nunca gostei da ideia de Estado. Quando eu era de esquerda, sempre tive tendências anarquistas, por achar que o comunismo era um processo muito lento e que eu não tinha tempo hábil de vida para mudanças graduais. Queria liberdade pra ontem e o Estado sempre foi um enxerido querendo cagar regra na vida das pessoas. Nisso acho que eu e o Fraga sempre concordamos, mas eu achava que a ideia de capitalismo e anarquia eram completamente incompatíveis por pertencerem a dois opostos no espectro político. Achava engraçado o termo Anarcocapitalismo.

“Imposto é roubo”. Tá aí uma frase que acho que ninguém é capaz de se colocar contra. Há alguns meses atrás, fiz um post no Facebook oferecendo R$ 1000,00 para quem conseguisse me convencer que imposto não é roubo. Assim como eu não conseguia contra-argumentar isso quando o Fraga dizia, ninguém ganhou os meus R$ 1000,00 oferecidos até hoje. Se você quiser tentar ganhar essa grana, clique aqui e procure o post. Boa sorte!

Quanto mais o tempo passava, mais eu ia me decepcionando com a esquerda e mais eu ia vendo o quanto o discurso do Fraga fazia sentido, o quanto o Estado era incapaz de prover serviços de qualidade e de gastar o dinheiro dos impostos de maneira minimamente eficiente. Fazendo vídeos altamente críticos e sem o menor pudor, Dâniel Fraga começou a incomodar os agentes do Estado e sofreu retaliações por meio de processos judiciais. Em alguns ele foi absolvido, em outros, condenado. Mas no final das contas, ele não pagou nenhuma multa que foi condenado a pagar. O Estado também não conseguiu penhorar nenhum bem do Fraga porque toda a riqueza que ele tinha estava em um lugar onde o Estado não tem controle: uma carteira de Bitcoin, fato que provavelmente fez o Fraga enriquecer muito, porque ele foi um entusiasta da mais popular criptomoeda do mundo mesmo antes do seu valor explodir e se multiplicar muitas vezes.

A verdade é que o Dâniel Fraga me convenceu de suas posições e, pouco tempo depois, sumiu sem deixar rastros. Hoje, o ex-youtuber é tido como uma lenda na comunidade Anarcocapitalista. Comunidade essa que ele influenciou em muito no crescimento e que hoje tem uma representatividade relevante, principalmente entre os jovens.

Depois disso, ainda levei um tempo para digerir muitas das discussões que rolam no meio Anarcocapitalista/Libertário. Uma nova literatura se abriu e novas discussões filosóficas me foram apresentadas. Autores como Mises, Rothbard, Ayn Rand, Rayek, Hans-Hermann Hoppe e David Friedman versam sobre ética, praxeologia, epistemologia e muitas outras áreas dentro do direito, economia e da filosofia. O velho Denis esquerdista tinha mesmo ficado para trás.

Na madrugada de hoje, o Inteferência Urbana se transformou numa espécie de máquina do tempo onde pude reencontrar esse velho Denis de quem hoje tenho vergonha de ver como se expressava e que ideias cozinhava na cachola. Mas começo a ter orgulho dele por ter tido coragem de viver e de expandir os seus horizontes para estar aqui hoje, e de ter visto muitas pessoas lhe virarem as costas por ter tido coragem de mudar e de assumir as suas mudanças. Não pretendo apagar nada que eu tenha feito nem mudar nenhuma linha sequer que eu tenha escrito. Sou experiência viva, uma experiência aberta para qualquer um que se interesse em consultá-la. Talvez, amanhã, eu volte aqui tendo vergonha do eu de hoje, e tudo bem. Essa é a sensação de alguém que foi a frente e reconhece que algo melhorou com o passar dos anos.

Pretendo voltar a escrever aqui para o Interferência Urbana e pretendo começar um canal no Youtube. Não vou contar nada agora, mas pretendo fazer o blog e o canal funcionarem em conjunto. Então, fique ligado e… envelheçamos!

Panelaço, coxinhas, manifestações e suas contradições

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A miscelânea continua. Conta-se com a presença de celebridades, os saudosistas do período militar, os revoltados contra a corrupção, os exaltados contra o partido do PT, além dos afoitos comentários de caráter malevolente e desrespeitosos à “pessoa” da Presidenta Dilma Roussef e ao ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.

São compreensíveis as reivindicações e sou consoante para com algumas. São manifestações genuínas, contrárias aos procedimentos adotados pelo atual governo, tendo em vista os diversos escândalos envolvendo membros que compõem a máquina do estado. Falcatruas, roubos, planos de ações inviáveis… quem gosta disso?!

Mas, por outro lado, sinto as contradições discursivas que se apoiam na insatisfação popular: celebridades que se auto promovem com a roupagem “do povo”, quando estão apenas preocupadas em manter o que têm. Os pedidos de intervenção militar, aparentemente esquecidos da realidade de quem viveu ou soube postumamente a respeito dos efeitos da ditadura, onde ninguém teria a possibilidade de se mostrar partidário a qualquer interesse. Dos corruptos membros do PT – a especificidade partidária é salientada devido ao contexto atual e por ser comprobatória – desconsiderando o lençol de corrupção que cobre nosso país desde sua formação – como se em algum momento houvera um partido incorruptível. E aprofundando um pouco mais, na singularidade cotidiana dos “pequenos” atos: na hora de “molhar” as mãos do guarda de trânsito para evitar uma multa, do “passar o pano” para o amigo no trabalho, do desviar da blitz após ter “tomado umas”, “furando” a fila… a lista é grande. E mais absurdo ainda é chamar uma pessoa de “vaca”, de “cachaceiro”, “burro”, entre outros adjetivos torpes, é totalmente incoerente ao discurso de quem pede moralidade na política e não tem atitude cívica e educação básica.

Quando a lei 4.330 (terceirização dos serviços) foi aprovada, não vi uma única celebridade, um único participante que esteve na abertura da Copa do Mundo – mostrando o quanto somos “pobres” ao xingar nossa chefe de Estado, ao invés de agir com maturidade politizada – não vimos nenhum dos grupos como o “vou pra rua”, “revoltados online”, “movimento Brasil livre” e outros mais se manifestarem CONTRA a aprovação desta…
A lista de deputados está cheia de assinaturas do PMDB, PSDB (aos “aecianos” encurralados entre as avalanches de indignações e o maniqueísmo midiático falsamente solidário aos cidadãos mais empobrecidos financeiramente, leiam a lista e vejam os partidos e nomes dos aprovadores dessa lei) e notem que ninguém está preocupado em promover condições favoráveis e possibilidades de ascensão dos menos favorecidos. Essas contravenções são partidárias, têm objetivos controversos ao apoio (e apelo) popular.
Não seja massa de manobra. Pense! Analise! E não se deixe enganar: quem tem, mais quer ter; quem não tem, nem sabe o que é ter.
Precisamos de reforma política e não de colarinhos brancos no poder (como já tivemos).

Terceirização da Câmara dos Deputados! Aprovado!

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A terceirização garante mão de obra especializada, custo baixo, responsabilidade indireta, entre outros benefícios, como maior abertura para disputa de prestação de serviço. Perfeito, não é?!

Então, vamos pedir a promulgação de uma nova lei que terceirize a Câmara dos Deputados e com isso garantiremos: especialistas na criação de leis, com objetivo de alcançar resultados que sejam benéficos para o bem da sociedade, salários baixos que contribuirão na redução da despesa orçamentária do Estado (considerando a crise financeira que estamos passando), maior dedicação e força de trabalho no desenvolvimento e criação de leis, e uma concorrência acirrada dos interessados em prestar serviço à sociedade, ganhado pouco e trabalhando muito. Com isso, o preconceito existente entre as classes trabalhadoras deixa de existir, pois todos lutam arduamente em busca de um bem maior, sendo útil e prestando um excelente serviço (especializado)… Se algo der errado, a responsabilidade é indireta, não precisa ter preocupação, há respaldo jurídico, ninguém será condenado injustamente. É lindíssimo!

Além, claro, que se houver algum protesto contra essa terceirização, a polícia estará preparada para inibir qualquer movimento contrário a esse bem social, a essa perspicácia evolutiva das leis trabalhistas, de forma efetiva e contundente, típica do militarismo, que alguns saudosistas sentem tanta ausência nesse período desorientado que vivemos. Ordem e progresso! Viva o positivismo! Viva a evolução! Os Excelentíssimos Deputados aprovam! #sqn.

A ética da cocaína e a barbárie da democracia

Por: Rodrigo Lima

“Representação”, eis a palavra prática no exercício da democracia. É claro que na ordem etimológica, tão citada em artigos acadêmicos, podemos inferir que um sistema democrático é aquele no qual o povo detém o poder máximo. Teoricamente (e hipocritamente) o sistema político brasileiro opera dessa forma, mas a hipocrisia, nesse caso, é saudável: qualquer Estado que opera de acordo com a legitimidade democrática se torna uma máquina a serviço da barbárie. Exemplos nos são abundantes.

O “Estado Democrático de Direito”, epíteto amado pelos doutrinadores jurídicos e operadores do direito, determina a aplicação jurídica e empírica da Democracia. Exemplo disso é o famoso “Ordenamento Jurídico”, tese do grande jurista Hans Kelsen, nos mostra como o povo deve se comunicar com a lei. Segundo o nosso ilustre austríaco, a legislação precisa se organizar de forma piramidal. Assim, existem uma série de leis menores que formam o piso horizontal da pirâmide (as infraconstitucionais), submissas ao resto do ordenamento. A lei máxima (ponto culminante da pirâmide) é a constituição, onde não há leis tão práticas assim, o que existe é mais uma regra moral de funcionamento das instituições, e essa regra moral tem que advir dos valores culturais e éticos da sociedade.

Como por esse poder incorre a perda de legitimidade? Simples, quando o administrador da res publica perde a consciência do seu papel e ignora o que o povo pensa. Os recentes protestos ocorridos no nosso país, do ano passado pra cá, são um exemplo claro do processo de ruptura do Estado Democrático. Sempre que há essa separação, vivemos tempos de grandes revoluções.

Algumas poucas vezes, esse processo não ocorre via tomada abrupta de poder (revolução), mas acontece de forma paulatina, como um parasita se infiltrando no organismo do poder. No segundo exemplo, o sangue é o diálogo e a discriminação é a lei. São raras as exceções, algumas delas podemos ver no documentário: Off the Grid (Fora da Rede); nesse filme, o diretor Alexander Oey viaja por cidades no interior dos Estados Unidos para mostrar o modo de vida de algumas pequenas populações que sofreram grandes danos econômicos no crash de 2008. Muitos grupos chegaram até a criar uma economia paralela com moeda local.

Mas não vou me prender a esse exemplo. Afinal, tudo o que os EUA fazem é bem feito. Prefiro um exemplo latino americano. Fiquei em dúvida entre um brasileiro e um colombiano, Canudos e Medellín, respectivamente. Optei pelo colombiano, porque também podemos discutir uma questão ética: a pena de morte.

No final dos anos 80, emergira em Medellín o maior narcotraficante da história: Pablo Escobar. Com um patrimônio pessoal bilionário, não se sabe ao certo o valor de mercado, a revista Forbes o listou como o sétimo homem mais rico do mundo. Pablo não tinha apenas dinheiro, tinha influência e apoio político, não o apoio dos políticos, mas apoio do povo que o elegeu para o congresso da Colômbia. Escobar construiu uma sociedade paralela, supriu demandas que o Estado jamais fora capaz: construiu casas populares, escolas, hospitais, milícias de segurança e até campos de futebol. Eu diria que ele praticou o crime de lavagem de moral, ou lavagem de cocaína. El patrón del mal, como era chamado, se tornou um verdadeiro representante, um líder, no final: um mártir. Sua personalidade foi cultuada, seu funeral lotou as ruas de Medellín.

Pablo Escobar definitivamente estruturou um Estado paralelo, mas como um parasita, e sua economia emergiu com base na exportação de toneladas de cocaína para a Europa e a América no Norte, controlando 80% do tráfico mundial.

Seu poder não era “institucional”, mas afinal, o que é “legitimo”, “institucional” , “legal”? Será que é colocar a bunda gorda na cadeira do poder e usar terno e gravata? Só pode ser isso, pois duvido que algum governante da América Latina, hoje, seja tão legítimo quanto Pablo foi. Muita gente o condena dizendo que ele foi cruel e matou muitas pessoas. Mas é isso mesmo: se você tem um poder estatal, é necessário criar leis e fazê-las funcionar. Foi assim que o Cartel de Medellín operou, essa é a ética do crime organizado, uma ética quase sempre inexorável.

Não quero denegar os crimes que foram praticados contra os “human rights”, mas os próprios defensores dos “human rights”, praticam a pena de morte, mantém presos sob regime de tortura em Guantánamo, e são coniventes com a barbárie que é praticada no Oriente Médio, na África e em países da Ásia, afinal, há interesses econômicos em jogo, “apedrejar mulheres é uma questão cultural”. Dá pra entender por que falo que a democracia, no rigor da palavra, é uma máquina a serviço da barbárie?

 A pergunta final é: o que é um governo legítimo? Ainda acho que é aquele que têm mais força militar, porque, a democracia é falha: nunca a alcançamos na sua real condição (como em Pablo Escobar), mas se chegamos perto, mostramos o que há de mais cruel no ser humano potencializado à grupo.

 


Texto original publicado no blog Ensaios do peido à bomba atômica

A luta

Por: Newton Felipe Ferreira

Tentaram me calar

Mas não me calei

Tentaram me amordaçar

Mas eu me libertei

Tentaram me cegar

Mas eu enxerguei

Tentaram me desarticular

Mas eu me organizei

Tentaram me deitar

Mas eu me levantei

Tentaram me matar

Mas eu ressuscitei

Perdido nos morros partidos

A dignidade saudosa, saudade

Saudava a dor da comunidade

Cativa em sua cidade

Cercada de pura maldade

Travestida de grande bondade

Amarga e dura crueldade

Cruel, véu, de fel

Fere, a ferro, fundido

Povo partido

Partido político

Erguido ao mercado

Atado ao matador

Matando sem dor

Doído, maldito

Grito do esquecido

Perdido no papel

De uma empreiteira cruel

O céu, vermelho vejo

Do sangue do desespero

Da dor que carrega no peito

Do peito que carrega a bala

Do movimento que não se cala

Das favelas que ainda resistem

De tudo que ainda existe

Do sonho que ainda persiste

Da esperança que não desiste

Existe um sonho a sonhar

Resiste; uma luta a lutar

Persiste; sentimento a semear

Semeia, uma revolução a fazer

Granjeia, um mundo novo a colher

Quantas caras você tem?

Uma das coisas que mais me causou descontentamento e descrença, foi a raça humana. Não consigo imaginar uma raça tão hipócrita, principalmente a maioria de meus compatriotas.

Nem todo mundo é assim, claro, mas a grande maioria encaixa-se no perfil da hipocrisia, pois na frente das pessoas tenta mostrar uma postura ética, bonita e cheia de preceitos que só existem na hora em que estão acompanhados, pois quando a pessoa está sozinha… Ai a porca torce o rabo.

Uma vez tive um problema de multa de carro. A multa aconteceu em Osasco por avançar no sinal vermelho. Recebi a multa, fiz todo o tramite e fiz o pagamento. Perdi uns pontos na habilitação (acho que foram 7) e minha vida seguiu normal. Eu poderia não ter perdido esses pontos, pois haviam diversos “jeitos de quebrar” isso.
Pague uma taxa, passe os pontos para um condutor morto, enfim, o que mais me admira é como essas empresas de recorrer multas, conseguem seus dados de forma tão fácil…

Realmente eu poderia fazer isso, mas e depois? Como vou poder falar de uma instituição decrépita, toda cheia de sujeira se eu mesmo colaboro com isso? É como reclamar da violência e acender um baseadinho, achando que a culpa é da sociedade e me esquecendo que eu sou parte da sociedade e ali acendendo o baseadinho, estou contribuindo de alguma forma com o que está acontecendo.

E nosso povo é bem esperto, correto e direito, não é? Se bater um caminhão de cerveja, que se dane o motorista, tá todo mundo lá pegando a carga. Reclamam do trânsito lento mas param em fila dupla. Não respeitam as vagas de idosos, nem as de deficientes. Enche a cara de álcool e vão lá, dirigir seu carrinho, sem se importar com nada. Reclama que a política tá uma porcaria, mas vai lá e vota em pessoas sem preparo algum para exercer o cargo. Vão nas igrejas pregar o amor, mas não são capazes de doarem seu amor de verdade, enfim, já perceberam o quão de hipocrisia tem dentro do ser humano?

Atualmente evito ver TV. Não porque quero ser um homem das cavernas, mas é porque é tanta coisa ruim acontecendo (e elas tem que serem noticiadas mesmo) que só me faz pensar como o ser humano pode ser chamado de racional. Não vejo um bom futuro para uma nação de hipócritas.

É hora de rever conceitos. Deixe um pouco a sua hipocrisia de lado e assuma quem você é realmente. Busque algo melhor, com certeza você fará um bem muito grande para todos que estão a sua volta e principalmente a você mesmo.
Isso também me lembra uma frase, que não sei quem disse, mas era algo mais ou menos como: “Ética é o que você faz na frente das pessoas. O que você faz quando ninguém olha, chama-se caráter”.

De exércitos a Dragões – GOT

Olá Leitoras e Leitores!!!

Hoje venho falar sobre uma pessoinha que vem fazendo parte da vida de uma boa galera, principalmente daquelas que, como eu, defende a mulher com unhas e dentes e busca aprender a ser líder a cada dia.

Meu parceiro Renan Pereira nos contou um pouco da história de Game of Thrones e, assim como ele, sou amante da série. A trama atrai a cada dia mais adeptos e fãs, não somente da série mais de seus personagens.

Eu, em especial, adoro a Daenerys Targaryen, a mãe dos Dragões. Sua garra, força de vontade, liderança e confiança surpreende a cada capítulo. O autor da história, George R. R. Martin, retrata uma mulher cheia de poder para uma época em que mulher realmente não tinha voz e nem vez. Ela, não somente como mulher, mas como pessoa, ensina muito a todos nós.

Sua liderança é o aspecto que mais me chama atenção e que trago para a minha vida. Ser líder é extremamente difícil! Fazer com que as pessoas queiram te seguir e façam as coisas como você deseja em prol de um objetivo é complicado e Khaleesi nos ensina isso.

Para mim, há muitos modelos de liderança como ela. Jesus Cristo, Olga, Martin Luther King , Gandhi, Cleópatra, Hitler, entre outros.

Como costumo dizer, de tudo podemos tirar proveito, coisas boas e aprendizado.

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A mãe dos dragões tem excelência em técnicas de liderança sem sombra de dúvidas!

OBS: Quero deixar claro que meu desejo é mostrar a liderança, não questões de religião, política, civilização ou qualquer outra coisa, mesmo porque não concordo com muitos dos feitos das personalidades que citei. Entretanto, reconheço sua capacidade de liderança.

Política e boas intenções

Basta chegar um ano par que é a mesma coisa. Um monte de rosto que você não viu no ano impar, começa a aparecer em sua frente, sorrido para você (ou rindo de você?) e com diversas promessas de que tudo irá melhorar.

Ao seu lado temos um bando de gente que os apoiam, em sua grande maioria, pela comodidade de garantir um cargo público como encaixe ou manter seu cargo já existente.

Todos estão com boas intenções, segundo os próprios afirmam, mas onde estão essas boas intenções?

Primeiramente, divido a pessoa do partido político, pois pra mim, os partidos nada mais são que um negócio cheio de interesse pessoal camuflado. Já as pessoas, elas vem formando o partido, engolindo a ideologia propagada pelo mesmo e nos casos em que fica bom para uma parte e o lado delas começa a ruir, elas mudam ou criam outros.

Perceberam quanta gente quer ser vereador? E isso que estou colocando o menor dos cargos políticos como exemplo. Você acha que é para fazer melhorias para a comunidade? Se assim fosse, não precisaríamos de Centros Comunitários, bastava eleger uma pessoa do bairro e tava limpo.

O motivador principal para o cargo, nada mais é do que dinheiro. Ou é mentira minha? Muita gente quer tirar o pé da lama e levar sua família e seus amigos mais próximos com eles. E isso tem em todos os partidos, da esquerda, da direita e os centristas. Todo mundo quer tirar uma casquinha do povo brasileiro. E você vai lá reclamar e votar nos mesmos em todos os anos pares.

Já viram algum político dizer que gostaria de receber apenas metade de seu salário como parlamentar? Até mesmo aquele cara revolucionário que estampa sua camiseta, é movido a dinheiro. Dinheiro muda cabeça e caráter, e até a Cindy Lauper já dizia: “Dinheiro muda tudo”.

Existem as exceções? Sim, existem. São poucos, mas são pessoas de bem e mesmo integrando partidos podres, ainda mantém a sua conduta ética e o seu caráter. Infelizmente são poucos.

Salvo esses poucos, ainda temos que aguentar os defensores de partidos que, motivados por ideologias baratas e receptivos à toda lavagem cerebral que seu partido despeja, bravamente defende com unhas e dentes posicionamentos que seu partido é contra (na teoria) mas que está sempre repetindo-o na prática. E eles ainda defendem com a grande frase: “O atual rouba, mas o anterior também roubava”. Uma versão atualizada da célebre “Rouba, mas faz”. Justificar o errado com uma coisa também errada não é justificativa e muitos amigos, defensores de diversos partidos, tentaram conversar comigo usando esse termo. Isso não cola. Contra fatos não há argumentos. Esse rouba e outro roubava também. Tá bom, e daí? Estamos falando de quê mesmo?

E então percebo que quem está no poder, está fazendo o que ele se propôs a fazer. Vivemos numa tal democracia, onde a maioria das pessoas decide a vida das outras. Então, se a maioria escolhe alguém, esse alguém é o que a maioria merece ter. A massa não escolheu fulano? Ok. Agora aprenda a fiscalizar, pedir coisas para melhoria social e não uma dentadura, cesta básica, um poste de luz ou uma camiseta.

Cobre posicionamento político, cobre educação de qualidade, transporte público acessível, respeito a você e sua família. Faça realmente seu voto ter sido válido. Com isso, resolveria muitos dos seus problemas e dos outros também.

E ainda vai ter gente que vai me dizer que “o povo é controlado”. Sim, eu acredito que a grande maioria das pessoas é uma marionete, mas elas que se deixaram manipular, afinal, é muito fácil ter preguiça de pensar, coisa que a maioria das pessoas fazem. Deixar os outros tomar decisões e trocar seu poder de decisão por propostas pessoais é muito mais fácil que acreditar e batalhar por algo.
O maior inimigo do ser humano, é aquele rosto que ele vê no espelho.